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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A cantora Zélia Duncan revisita clássicos e abre novas parcerias


Seção : Música - 11/08/2011 08:00

Zélia Duncan mostra maturidade em disco ao vivo

CD registra show do álbum Pelo sabor do gesto


Kiko Ferreira - EM Cultura

Jamari Franca/Divulgação


Só quem ouviu bem a música de antes, de durante e de
agora pode chegar aos 30 anos de carreira com a segurança
de Zélia Duncan. No CD Pelo sabor do gesto/Em cena, gravado
em março passado, no Theatro Municipal de Niterói, ela dá
sinais evidentes de ter sabido evoluir, prestando atenção ao
cenário e aos protagonistas da música que tocava em
paralelo à sua trajetória.

Registro do show de lançamento de seu CD Pelo sabor
do gesto, de 2009, transformado, também, em seu quarto
DVD, o álbum traduz as três décadas em coerência.
Provando que ouviu os antológicos discos em que
Bethânia mesclava música e poesia, recita, com naturalidade,
Fernando Pessoa no meio da música que dá título ao disco.
Por sua vez, a própria faixa revela o traço cinéfilo de Zélia,
pois é uma das duas canções tiradas da trilha do filme
francês Les chansons d’amour.

Ouvinte atenta das vanguardas, tanto faz releitura
suavizadora do clássico Felicidade, de Luiz Tatit, como
incorpora o novo queridinho dos paulistas, Marcelo Jeneci,
a uma parceria com Arnaldo Antunes e Alice Ruiz na inédita
Borboleta, que, sintomaticamente, fala da arte da qual
sobrevive: “música é que nem borboleta/ ela voa pra onde quer”.

Recupera obra injustamente esquecida de Marcos Valle
(Os dentes brancos do mundo), dá ar afrancesado a
Por isso eu corro demais (Roberto e Erasmo) e torna
palatável a difícil Defeito 10: cedotardar, de Tom Zé
(com Moacyr de Albuquerque). E aumenta a
visibilidade de Telhados de Paris, do gaúcho Nei Lisboa,
uma bela canção que ainda é, infelizmente,
“apenas” um clássico regional gaúcho.

Vestida por Ronaldo Fraga, a cantora retribui a
hospitalidade de John Ulhoa e Fernada Takai,
que a receberam em casa para parte das gravações
do disco que deu origem ao show. O casal entra no
palco e ajuda, assim como Moska, a dar pluralidade
ao espetáculo. E não se pode esquecer da
presença de Christian Oyens, um dos responsáveis
pela definição da personalidade sonora dos
primeiros discos de Zélia. Amadurecido pela estrada,
o show Pelo sabor do gesto chega ao disco como
registro da boa fase de uma artista mutante, em
estado de evolução permanente.


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