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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Zélia Duncan junta referências e colegas em cena
Novo DVD da cantora registra show no Municipal de Niterói

Ziriguidum. com (por Beto Feitosa)
Terceiro sinal. Teatro cheio. A música começa a acontecer. Ali artista, banda e público estão em sintonia quando as cortinas abrem. As câmeras testemunham essa mágica e o show que pulsa ao vivo ganha registro, agora no mercado em CD, DVD e Blu-Ray. No palco Zélia Duncan com o espetáculo Pelo sabor do gesto. Que, no novo trabalho lançado pela Biscoito Fino, adiciona a apropriada expressão "em cena" ao título. Bem vindo Pelo sabor do gesto - em cena, desdobramento ao vivo do mais recente álbum da artista.
Para registrar a turnê de seu novo trabalho Zélia escolheu o aconchego familiar de sua cidade natal. O show Pelo sabor do gesto estreou no Teatro Municipal de Niterói e, dois anos depois, voltou para ser gravado. O belo Teatro é mais que cenário, é personagem. A câmera apaixonada busca o tempo todo seus melhores ângulos. Ele tem um clima intimista assim como o show, delicado e chique. Em vídeo com direção de Hugo Prata, o show agora é um novo trabalho, outro ciclo. Novos sabores, novos gestos.
No centro da cena está Zélia Duncan. Cantora e compositora que comemora 30 anos de carreira, revelada para o grande público na década de 90. Artista de projetos e interesses múltiplos que venceu investindo na própria obra e insistindo em ser o que realmente é. Zélia se transforma em outras mas é singular. Isso fica claro para quem mergulha na sua obra.
Como uma boa educadora procura ampliar horizontes. Sempre surpreende em seu repertório misturando surpresas no meio dos sucessos. Assim seu público hoje está de ouvidos abertos, seja para conhecer uma linda valsa do maestro Guerra Peixe ou para experimentar a irresistível obra do jovem Marcelo Jeneci. Nessa cartilha ela reza sozinha com mérito e louvor, sabe mostrar que Itamar Assumpção não é bicho de sete cabeças. Abre suas influências e mostra os caminhos. Quem tiver ouvidos abertos para ela vai ser salvo da mediocridade do mercado, amém.
Comemorando trinta anos de carreira Zélia reúne no roteiro influências e colegas. Da obra de Rita Lee pescou o belíssimo lado B Ambição, já gravada no CD que originou o show. Tom Zé vem na parceria com Moacyr de Albuquerque em Defeito 10: Cedotardar. Zélia segue o rumo da Lira Paulistana na obra de Luiz Tatit em Felicidade. E continua a registrar a obra de seu querido Itamar Assumpção em Duas namoradas, com poesia de Alice Ruiz que traduz muito de suas vontades.

Ainda visitando outros compositores Zélia busca Marcos e Paulo Sérgio Valle emOs dentes brancos do mundo. Pegando carona no calhambeque de comemorações pelos 70 anos de Roberto Carlos descobre a deliciosa I love you, jóia perdida entre tantos clássicos da parceria com Erasmo Carlos. E segue emPor isso eu corro demais, composição solitária do Rei, essa incluída na lista dos grandes hits. De seus próprios sucessos oferece a sempre presente Flores, de Fred Martins e Marcelo Diniz.

A mesma variedade acontece nas múltiplas parcerias. Da extensa obra com Christiaan Oyens aparece uma repaginada Intimidade. E Zélia continua experimentando dobradinhas passeando com Chico César em Esporte fino confortável, com Zeca Baleiro em Se um dia me quiseres, Edu Tedeschi emAberto e Nem tudo e Dante Ozzetti em Se eu fosse. Seu primeiro hit foi comCatedral, versão dela e de Christiaan para uma música da alemã Tanita Tikaran, aqui em dueto delicado com o público no bis. Agora Zélia volta a assinar letras em bom português para Alex Beaupain em Boas razões e Pelo sabor do gesto.
Mais que anfitriã, Zélia é companheira que faz questão de estar bem enturmada. Logo na primeira música do show estão lá a guitarra de John Ulhoa e a voz de Fernanda Takai em Boas razões. Pouco mais tarde vai ser a vez da revelação - descoberta por ela antes da mídia jogar flores - Marcelo Jeneci na irresistível Borboleta, parceria dos dois ainda com Arnaldo Antunes e Alice Ruiz. Outro parceiro chega no palco e Moska divide com Zélia a delicada Sinto encanto.
O show, com direção da atriz Ana Beatriz Nogueira, que deixa a cantora bem à vontade com sua música. E Zélia divide esse momento com a banda formada por Ézio Filho (baixo e direção musical), Webster Santos (guitarra e violão), Léo Brandão (teclado e acordeon) e Jadna Zimmermann (bateria, percussão e flauta). Assim o elogiado álbum cresceu no palco, e tomou ainda novas notas na versão em cena. Zélia Duncan compartilha face a face, bem de perto, as peças que formam sua persona musical.

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