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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Zélia Duncan mostra maturidade em disco ao vivo


CD registra show do álbum Pelo sabor do gesto

Kiko Ferreira - EM Cultura

Seção : Música - 11/08/2011 08:00

Só quem ouviu bem a música de antes, de durante e de agora pode chegar aos 30 
anos de carreira com a segurança de Zélia Duncan. No CD Pelo sabor do gesto/Em cena
gravado em março passado, no Theatro Municipal de Niterói, ela dá sinais evidentes de 
ter sabido evoluir, prestando atenção ao cenário e aos protagonistas da música que tocava
 em paralelo à sua trajetória.

Registro do show de lançamento de seu CD Pelo sabor do gesto, de 2009, transformado, 
 também, em seu quarto DVD, o álbum traduz as três décadas em coerência. Provando 
que ouviu os antológicos discos em que Bethânia mesclava música e poesia, recita, 
com naturalidade, Fernando Pessoa no meio da música que dá título ao disco. Por sua vez, 
a própria faixa revela o traço cinéfilo de Zélia, pois é uma das duas canções tiradas 
da trilha do filme francês Les chansons d’amour.

Ouvinte atenta das vanguardas, tanto faz releitura suavizadora do clássico Felicidade
de Luiz Tatit, como incorpora o novo queridinho dos paulistas, Marcelo Jeneci, 
a uma parceria com Arnaldo Antunes e Alice Ruiz na inédita Borboleta, que, 
sintomaticamente, fala da arte da qual sobrevive: “música é que nem borboleta/ 
ela voa pra onde quer”. 

Recupera obra injustamente esquecida de Marcos Valle (Os dentes brancos do mundo), 
dá ar afrancesado a Por isso eu corro demais (Roberto e Erasmo) e torna palatável a
 difícil Defeito 10: cedotardar, de Tom Zé (com Moacyr de Albuquerque). E aumenta a
 visibilidade de Telhados de Paris, do gaúcho Nei Lisboa, uma bela canção que ainda é, 
infelizmente, “apenas” um clássico regional gaúcho.

Vestida por Ronaldo Fraga, a cantora retribui a hospitalidade de John Ulhoa e Fernada 
 Takai, que a receberam em casa para parte das gravações do disco que deu origem 
ao show. O casal entra no palco e ajuda, assim como Moska, a dar pluralidade ao 
espetáculo. E não se pode esquecer da presença de Christian Oyens, um dos 
responsáveis pela definição da personalidade sonora dos primeiros discos de Zélia. 
Amadurecido pela estrada, o show Pelo sabor do gesto chega ao disco como registro
da boa fase de uma artista mutante, em estado de evolução permanente.
 




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