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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Música: Zélia Duncan comemora 30 anos de carreira


Por: Luciana Azevedo 21/10/2011

"Niterói pra mim significa um certo momento da minha batalha para ser cantora, muito intenso, e o acolhimento de chegar na outra ponta e ter a família me esperando"

Niterói é celeiro de muitos artistas consagrados. Mas entre eles está uma cantora que já passou pela Rádio Fluminense e literalmente é de casa. E nada mais justo e lúdico que comemorar seus 30 anos de carreira no palco mais charmoso da cidade: o Teatro Municipal de Niterói. Esse gesto não foi apenas uma comemoração, mas também uma forma de relembrar os velhos e bons tempos da época em que morava na casa da avó e cruzava a Ponte Rio-Niterói após uma noite intensa de muita música na Barra da Tijuca, no Rio. E hoje, às 22 horas, Zélia Duncan leva pela primeira vez o show Pelo sabor do gesto - em cena, para o Vivo Rio.
Como foi para você registrar o espetáculo Pelo sabor do gesto - em cena no Theatro Municipal de Niterói?
Foi um jeito bandeirosíssimo de se sentir em casa (risos). Do jeito mais literal de se sentir em casa. O Teatro Municipal de Niterói é lindo. A classe artística inteira tem muito carinho por esse lugar, por ser tão bonito. E meu show ficou muito bem ali, muito bem adaptado naquela caixinha que vira o Municipal. O Hugo Prata, que foi quem registrou, ficou encantado. O Municipal em si já era o cenário. Tudo era muito propício. Eu tinha todos os motivos do mundo para estar em Niterói naquelas duas noites. Fui muito feliz ali e estou bastante satisfeita porque acho que tudo isso está registrado no nosso DVD. 

O palco do Municipal foi ideia sua?
Foi minha. Estou comemorando 30 anos de carreira e achei que isso era bem significativo. Fico procurando esses motivos visíveis e invisíveis para fazer as coisas.
Qual lembrança mais viva tem da cidade?
A primeira coisa não tem jeito. É a casa da minha avó. A verdadeira Zélia Duncan. Eu herdei dela os dois nomes. Sempre foi aquele coração aberto onde a família entrava, saía e se reunia na Rua 5 de julho, em Santa Rosa. E depois vêm as minhas idas e vindas porque morei com a minha avó e minha tia. Minha mãe ainda estava em Brasília. Eu com meu fusquinha branco nessa ponte. Tanto que teve a corrida da ponte e eu corri em homenagem aos anos que passei aí. Eu cantava no Rio todos os dias de noite e era na Barra da Tijuca. Eu era muito novinha e voltava 4h, 4h30. Essas coisas que a gente faz quando é novo e nem sabe o perigo que isso tem. Já troquei pneu nessa ponte (risos). Já fiz de tudo um pouco. Então, Niterói para mim significa um certo momento, da minha batalha para ser cantora, muito intenso, e o acolhimento de chegar na outra ponta e ter a família me esperando.
Como chegou ao repertório final desse trabalho?
Ele é um álbum de estúdio. Faço questão de vestir a camisa do trabalho. Todas as músicas estão no DVD e mais algumas coisinhas que na época de montar o show eu coloquei e na época de fazer o DVD coloquei ainda algumas coisas inéditas como O tom do amor, Borboleta e Cedo Tardar. Inéditas que eu digo que são coisas que eu nunca tinha cantado. A única inédita de fato é Borboleta. Cedo Tardar está no álbum do Tom Zé e O tom do amor no álbum do Moska. E tem Por isso eu corro demais, que é um clássico e brinca com o fato de eu ter realmente começado a correr. 
    
Você e o Moska são parceiros há um bom tempo e fizeram juntos a música O tom do Amor, que está no seu DVD. Como é trabalhar com o Moska?
Trabalhar com o Moska “ficamaisfácil.com.br”. Ele é um cara extremamente musical. Ele é extremamente generoso para te ouvir, aceitar sugestões. As músicas que fizemos juntos ele nunca nem mexeu em letra. Ele faz exatamente o que escrevi. A voz dele combina com a minha. Ele toca violão muitíssimo bem e é um amigo muito querido e próximo. Acho até bonito isso. No DVD você percebe a nossa intimidade. Um momento do show que eu adoro é quando ele chega. Inclusive ele vai participar do show de hoje. 

Você também homenageia Roberto Carlos em duas músicas: “I Love You” e a “Por isso corro demais”. Por que escolheu essas canções?

Escolhi em momentos diferentes. A I Love You escolhi há dois anos e meio atrás quando montei o show. O rei estava fazendo 50 anos de carreira e a Ana Beatriz Nogueira, grande atriz que dirigiu meu show, sugeriu de eu cantar alguma coisa dele. E eu, implicante que sou, não queria cantar uma coisa batida dele. Fui escolher uma música que achava que quase ninguém conhecia. E era um pouco verdade. Agora com o youtube as pessoas já conhecem. Mas quando cantei as primeiras vezes, as pessoas não acreditavam que eram dele. Fui procurar uma coisa lado B, se é que isso existe. É uma brincadeira boa porque acho a música boa. 

Seu trabalho também tem a participação de Marcelo Jeneci, um jovem compositor. Como você procura estar antenada ao que acontece no mercado musical?
Eu fico atenta aos sinais, ao que passa perto de mim. O Marcelo tocou em quase todas as faixas do meu álbum de estúdio. O John Ulhoa me apresentou a ele e nós ficamos amigos no primeiro dia. Eu brinco com ele que faltavam cinco minutos para ele ficar famoso. Logo depois as pessoas começaram a descobrir o Marcelo e eu comecei a falar dele antes um pouco. Sabe quando você ajuda a sorte? Estou sempre muito atenta. E a gente compôs, ficamos amigos e é um cara de muito valor.

O FLUMINENSE

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