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por Beto Feitosa
Para comemorar os 30 anos de carreira de Zélia Duncan, a Warner Music - gravadora que lançou os primeiros sucessos da cantora - recoloca no mercado três CDs gravados entre 1994 e 1998. A maior surpresa do pacote, no entanto, fica na edição em DVD do programa Ensaio, exibido em 1997 pela TV Cultura.
Zélia chegou na Warner em 1994. A gravadora apostou na cantora, que já havia lançado um LP pelo selo paulistano Eldorado sem grande repercussão. Mas o sucesso do novo disco veio rápido quando a música Catedral entrou para a trilha sonora da novela A próxima vítima. A parceria com a gravadora rendeu ainda dois trabalhos: Intimidade, bom disco de 1996 muito em cima do anterior; e o mais ousado Acesso, de 1998, em que ela emplacou uma composição de Itamar Assumpção com participação do grupo mineiro Uakiti, grande destaque do trabalho.
O DVD encontra Zélia um pouco antes, no terceiro trabalho. O tradicional programa de TV com direção de Fernando Faro destaca uma cantora simpática e inteligente, à vontade com sua música que começava a criar intimidade com o público. Muito do que se vê ao longo do programa continua hoje, 15 anos depois, conduzindo a carreira e as idéias de Zélia.
Seu repertório autoral encontra as constantes visitas a outros autores (como o Djavan de Cigano que abre o DVD) e a ousadia de resgatar nomes do passado (o Doce de côco de Jacob do Bandolim e João Pacífico que canta para lembrar Elizeth Cardoso). Tem o carinho com os contemporâneos (com a Legião em Quase sem querer) e uma identificação com compositores paulistanos (nesse caso Rita Lee que aparece em Lá vou eu). Entre seus sucessos espaço para Catedral, Tempestade, Enquanto durmo, Bom pra você e Nos lençóis desse reggae (essa última aparece apenas como bônus no encarte, mas está também no roteiro do programa).
A bem vinda edição do Ensaio peca pela qualidade da imagem, mas é importante documento para fotografar a artista interessante que ali começava a se tornar mais conhecida. Do acervo da TV Cultura aparecem ainda, nos extras, uma entrevista ao programa Repórter ECO de 1997 e outra ao tradicional Metrópolis, de 1994. Infelizmente fica de fora o bom especial que Zélia gravou na emissora também em 94 reproduzindo em estúdio o repertório de seu show.
O caminho que se seguiu a esses passos já é bem conhecido. Zélia se transformou em muitas e ousou em projetos paralelos sem deixar de ser ela, abriu leque de parcerias e lançou grandes discos. Se hoje não tem sua boa música massificada pelas rádios, conquistou grande público e a confiança dele para trazer sempre novidades. Até por isso se faz válido esse rápido retrovisor para ver o passado, quando toda essa história já estava sendo plantada e alimentada.
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