15/07/2012 | CAMPOLIM
Notícia publicada na edição de 15/07/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno C - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Manhã com Luiz Tatit e Zélia Duncan
Ao público que irá hoje assisitir à primeira apresentação do
músico e compositor Luiz Tatit em Sorocaba, no Parque Campolim, dentro do
projeto Metso Cultural, uma boa notícia: ele garante que o repertório para o
show reunirá canções clássicas de suas obras, desde o tempo do grupo Rumo. O
show gratuito está marcado para as 11h. Considerado um dos maiores
compositores brasileiros e estudiosos da canção, Tatit brindará o público com
boa parte do repertório dos seus álbuns solos como "Felicidade" (1997),
"O Meio" (2001), "Ouvidos Uni-vos" (2005),
"Rodopio" (2007) e "Sem Destino" (2010), além de
acrescentar sucessos da época do Rumo. Assim, canções como
"Felicidade", "Haicai", "Capitu", "As Sílabas"
e as parcerias com Dante Ozzetti como a música "Achou", com Zé Miguel
Wisnik em "Baião de Quatro Toques", Marcelo Jeneci em "Por Que
Nós?" e com Chico Saraiva em "Baião do Tomás" também constarão
da programação.
Não bastasse a presença de
Tatit, que será acompanhado de Jonas Tatit, o show inédito em Sorocaba
contará ainda com a participação da cantora Zélia Duncan, convidada especial
do músico, não por acaso. Zélia, que já interpretou inúmeras canções do
compositor, também montou um espetáculo músico-teatral totalmente inspirado
na obra de Tatit, o "Tôtatiando", que deve voltar a percorrer os
palcos do Brasil. "Ela não apenas interpretou, mas viu um nicho mais
teatral nas canções", conta ele sobre o resultado. Para Tatit, além da
veia teatral, Zélia ainda levou ao espetáculo sua veia cômica, na
interpretação de um repertório nada fácil, com canções longas, pontua ele. Na
apresentação, a cantora interpreta canções do compositor que já fazem parte
de seu repertório como "Esboço", "A Companheira",
"Sem Destino", "De Favor" e"Rodopio".
Mas Zélia não é a primeira,
tampouco única cantora a se render às canções de Tatit. Entre tantos músicos
que já gravaram composições suas, a maioria são mulheres, reconhece ele,
lembrando que, nos tempos do grupo Rumo, como contavam com Ná Ozétti como
principal intérprete, chegava até mesmo a compor pensando na interpretação
dela. "Há uns 15 anos para cá, outras cantoras começaram a gravar minhas
composições, fico impressionado com a qualidade desses novos arranjos,"
elogia. Entusiasta da nova geração, Tatit aponta como uma das boas surpresas
em interpretações de suas músicas a versão da cantora Mariana Aydar para
"Os Passionais", parceria de Tatit com Dante Ozetti.
Sem nostalgia
E para quem
imaginava que o músico, que também é professor titular da área de Língustica
da Universidade de São Paulo (USP), teria uma visão pessimista da produção
musical atual, ele responde de uma forma bastante lúcida e sem ranço
saudosista. "Para mim, só melhorou. Os compositores de hoje são os
melhores de todos os tempos. Um compostior de hoje já traz como bagagem o que
teve antigamente. O tema que se trata é qualquer tema e não só o amoroso.
Eles usam o amor num processo de decomposição do encontro com algo sublime,
há uma crítica quanto a maneira de tratar o amor. Hoje, o cancionista já
começa com mais recursos, principalmente o eletrônico", posiciona-se ele
sobre os benefícios tanto tecnológicos quanto de argumento, que a atualidade
garante aos novos compositores. Mais do que isso, o experiente músico ainda
reconhece que o jargão "de que tudo era melhor em outra época" não
passa de nostalgia. "As coisas mudaram muito, mas sempre para melhor.
Não vejo nenhuma decadência como vejo falando por aí, isso de ficar dizendo
que antigamente a música era mais pensada é noltalgia pura, é a tendência de
valorizar o tempo em que era jovem, por isso falam no meu tempo, bons
tempos... O meu tempo era de ditadura. Hoje é muito melhor, não há
centralização da música", critica.
Estudioso da epistemologia da
linguagem, autor de livros sobre canção, artigos científicos, entre outras
atividades intelectuais, Tatit também foge ao senso comum ao eleger uma
música brasileira que admira. "Admiro a música W/Brasil, do Jorge Ben
Jor, acho extraordinária e jamais conseguiria fazer", reconhece,
explicando que essa música lhe causou um impacto pela espontâneidade e
justaposição de verbo. "Eu jamais conseguiria fazê-la, estaria buscando
uma coerência interna, mas Ben Jor não liga para isso e por isso a fez",
elogia o músico e compositor, que já teve suas canções interpretadas por
artistas como Zélia Duncan e Ná Ozzetti, suas intérpretes mais constantes,
além de Vânia Bastos, Daúde, Ney Matogrosso, Ana Costa, Mariana Aidar, André
Mehmari, Eduardo Gudin, Clara Sandroni e Leila Pinheiro.
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